Diz a tradição que o ato de benzer, ou de curar, é a ritualização das coisas da fé, onde
muitas vezes se misturam o sagrado e o profano. Herança dos portugueses que ao chegarem
ao Brasil sofreram influências dos índios e, posteriormente, dos africanos, sobretudo as
mulheres. O conhecimento das plantas medicinais da colônia, dominado pela cabocla e pela
mulata, unido ao das plantas medicinais trazidas pelos portugueses, foi sendo repassado de
geração em geração, originando o costume de curar doenças por meio de recursos naturais.
Daí a procura pelas rezadeiras para fazer chás, simpatias, rezas e benzeções – uma solução
eficaz para solucionar os problemas de saúde para as classes mais desfavorecidas.
Por isso, a grande mistura que há. Cada benzedor tem a sua própria forma de benzer,
porque a cada um foi dado um dom para curar. Um dom que se traduz na fé, aprendida com
seus antepassados e de onde aprenderam a ver o mundo que os cerca. Rezadores,
benzedores e curadores estabelecem com a comunidade um sistema próprio de
comunicação que está além da comunicação oficial da mídia de massa, através de seus
cantos, gestos, rezas e orações, que refletem vigorosamente a mais pura expressão das
classes menos cultas e mais carentes da população.